Imaginar poliedros, conceber as suas planificações e construí-los é uma actividade capaz de exercitar e desenvolver, por exemplo:
Começamos por uma pirâmide quadrangular, logo a seguir uma dupla pirâmide pentagonal e terminamos esta primeira parte com mais alguns exemplos de poliedros convexos, imaginando cortes e colagens.
Comecemos por uma pirâmide de base quadrada
(ver figura 1). Se os lados da base tiverem
comprimento e se a pirâmide tiver altura então o comprimento
das arestas que se unem no vértice superior é
As linhas usadas no desenho das planificações devem ser interpretadas de acordo com o esquema da figura 8. Por outro lado, na figura 9 são descritos os tipos de faces usados. Todas as planificações são combinações deste conjunto de faces. Note-se ainda que só se consideram planificações de um único pedaço de cartolina.
Vejamos agora um cubo. Uma planificação possível é a que se apresenta na figura 10. Quando se deforma o cubo a planificação ressente-se (ver figura 11). A deformação aplicada consiste em afastar dois vértices que se encontrem sobre uma linha recta que contenha o centro do cubo.
Concerteza reparou que ao recortar o poliedro da figura 14 a tesoura
não atinge o vértice indicado. Isto quer dizer que se poupou uma
aba. A dobragem ficou mais díficil mas a rigidez do poliedro foi
aumentada. Os vértices a que a tesoura não chega serão,
daqui em diante, denominados por vértices planos. Planos no sentido em
que a cartolina cobre rad à sua volta. Estes vértices são
necessariamente extremos de uma ou mais arestas côncavas. Vários tipos
de vértices podem ser definidos com base no ângulo coberto pela
cartolina à volta dos mesmos.
Regressemos ao cubo que foi cortado de acordo com o exercício 1a). Una, pela face triangular, dois iguais a esse (ver figura 15).
E agora regressemos ao início: a pirâmide da figura 1. Se se unirem duas pela base obtemos um octaedro. Os octaedros e os cubos são poliedros duais. Têm o mesmo número de arestas mas trocam os vértices por faces e vice-versa. Imagine o seguinte: pega num octaedro e corta os seis vértices a uma certa distância do centro sempre perpendicularmente aos eixos de simetria. São eixos de simetria as três linhas rectas que contêm o centro e um par de vértices. Imagine que começa por cortar muito pouco e que vai diminuindo gradualmente a distância ao centro. A certa altura as faces triangulares equiláteras do octaedro original transfomaram-se em hexágonos. Trata-se de um octaedro truncado, também conhecido por poliedro de Kelvin [4]. Não é possível obter uma planificação de acordo com o método descrito na Teoria porque sobra muito pouco espaço para as abas. Se fizer o mesmo com um tetraedro obtem espaço à justa (ver figura 16). Mas continuemos a cortar. Quando os hexágonos se tiverem reduzido a triângulos terá nas mãos um cuboctaedro (ver figura 17). Continuemos, finalmente chegamos ao cubo.
Voltemos a olhar para o octaedro. Quando colocado em cima da mesa vê-se uma faixa horizontal de triângulos (ver figura 18) alternadamente virados para cima e para baixo. A base pode ter qualquer forma. Quadrada por exemplo. Colemos a nossa pirâmide de partida a uma destas bases quadradas (ver figura 19). Mas repare: em vez de colar a pirâmide pode escavar uma pirâmide e a planificação é a mesma (ver figura 20).
Pegando num octaedro ou num cubo e cortando as arestas até as faces originais desaparecerem obtem-se o poliedro da figura 21 e 22. Trata-se do dodecaedro rômbico. É possível preencher completamente o espaço encaixando dodecaedros rômbicos uns nos outros. Os centros de massa dos dodecaedros rômbicos nessa situação formam uma rede cúbica de faces centradas que corresponde ao máximo empacotamento de esferas [5]. É de notar que os vértices de um cuboctaedro também formam uma rede cúbica de faces centradas.